A única coisa que ele quer é me ver bem, a única coisa que quer é me ter. E Deus, eu quero tanto ele, toda hora, todo momento. Então decidi algo que nunca tinha proposto a mim mesma, não vou perder ele, de maneira alguma.
Camila Meneghetti
Por que eu sou do tamanho do que vejo. E não do tamanho da minha altura. (Fernando Pessoa)
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.
Caio Fernando Abreu
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.
Caio Fernando Abreu
domingo, 23 de novembro de 2008
Das vezes que te vejo e penso o quanto te amo, a que mais me confirmou foi aquele dia no carro, enquanto você conversava animadamente fiquei a te observar, e era tão bom. Vi na minha frente a pessoa que sempre procurei em outros, mas você não me machucava, não cansava, você era tão meu e eu não quis ser ou conhecer outra pessoa. Entende, quero gastar todo o meu amor contigo.
E há quem diga, que para tudo há uma primeira vez, e nesse caso eu concordo.
Camila Meneghetti
E há quem diga, que para tudo há uma primeira vez, e nesse caso eu concordo.
Camila Meneghetti
Conversa com Julieta
Julieta sentou calma entre as folhas amareladas no seu quarto, quantas cartas, quantas linhas, tantas letras e significados, alguns um tanto verdadeiros, outros um tanto caridosos. Ela pega com carinho uma das cartas e lembra o quanto doeu. O fim, Julieta? Não, ela me olha sorrindo com os olhos baixos. Não houve fim, por isso dói. Ficou no ar, a dor, a saudade, o esquecimento e por fim o não gostar mais. E quanto a esta carta? Pergunto retirando uma de cima de sua perna com um papel de bala grampeado. Esta? Ela olha demoradamente e joga num canto, doce demais, se é que me entende, falso demais também. Te enganou? Eu resolvo ir mais a fundo, mas ela apenas balança a cabeça negativamente e diz, não, eu que enganei. Como assim? Disse sentir o que nem sentia, ou sabia que poderia existir, ele em sua busca por amar verdadeiramente, esbarrou em mim pela minha busca de querer todos verdadeiramente.
Ficamos as duas paradas, observando o desenrolar das letras, então ela disse, como a me confessar algo. Gostei muito dele sabe, até achei que poderia ser especial de alguma forma, mas... Ele foi embora, com ar de não volto nunca mais e eu? ha, ela riu, eu fiquei a esperar, mesmo ouvindo o que todos diziam: "fecha a porta menina, o que o vento levou só ele traz." E o vento trouxe? Eu me arrisco a perguntar. Não, ela disse triste, o vento nunca mais soprou por esses lados, quando a cortina balança eu corro para a janela, nada, nem na estrada, no céu, ou na alma.
Te deixou assim? Nada mais justo, ela respondeu me encarando, ou se ama junto ou nada feito, eu não sei amar junto, sou tão egoísta. Mas repara neste quarto, falei preocupada, por ser egoísta acabaste apenas com cartas, não pensas em mudar? Até penso ela respondeu suspirando, só que ainda amo muito todos que partiram e levaram um pedaço de mim. Sente falta de ti mesma? Não, presta atenção, ela disse, sinto falta dos meus pedacinhos, que não significam apenas eu, e sim meus pedacinhos de homens. Não quero apenas um, sou tão egoísta, quero todos os pedacinhos. O que tu queres, respondi sorrindo, é a boemia.
Camila Meneghetti
Julieta sentou calma entre as folhas amareladas no seu quarto, quantas cartas, quantas linhas, tantas letras e significados, alguns um tanto verdadeiros, outros um tanto caridosos. Ela pega com carinho uma das cartas e lembra o quanto doeu. O fim, Julieta? Não, ela me olha sorrindo com os olhos baixos. Não houve fim, por isso dói. Ficou no ar, a dor, a saudade, o esquecimento e por fim o não gostar mais. E quanto a esta carta? Pergunto retirando uma de cima de sua perna com um papel de bala grampeado. Esta? Ela olha demoradamente e joga num canto, doce demais, se é que me entende, falso demais também. Te enganou? Eu resolvo ir mais a fundo, mas ela apenas balança a cabeça negativamente e diz, não, eu que enganei. Como assim? Disse sentir o que nem sentia, ou sabia que poderia existir, ele em sua busca por amar verdadeiramente, esbarrou em mim pela minha busca de querer todos verdadeiramente.
Ficamos as duas paradas, observando o desenrolar das letras, então ela disse, como a me confessar algo. Gostei muito dele sabe, até achei que poderia ser especial de alguma forma, mas... Ele foi embora, com ar de não volto nunca mais e eu? ha, ela riu, eu fiquei a esperar, mesmo ouvindo o que todos diziam: "fecha a porta menina, o que o vento levou só ele traz." E o vento trouxe? Eu me arrisco a perguntar. Não, ela disse triste, o vento nunca mais soprou por esses lados, quando a cortina balança eu corro para a janela, nada, nem na estrada, no céu, ou na alma.
Te deixou assim? Nada mais justo, ela respondeu me encarando, ou se ama junto ou nada feito, eu não sei amar junto, sou tão egoísta. Mas repara neste quarto, falei preocupada, por ser egoísta acabaste apenas com cartas, não pensas em mudar? Até penso ela respondeu suspirando, só que ainda amo muito todos que partiram e levaram um pedaço de mim. Sente falta de ti mesma? Não, presta atenção, ela disse, sinto falta dos meus pedacinhos, que não significam apenas eu, e sim meus pedacinhos de homens. Não quero apenas um, sou tão egoísta, quero todos os pedacinhos. O que tu queres, respondi sorrindo, é a boemia.
Camila Meneghetti
"... Fico só querendo te dizer de como eu te esperava quando a gente marcava qualquer coisa, de como eu olhava o relógio e andava de lá pra cá sem pensar definidamente e nada, mas não, não é isso, eu ainda queria chegar mais perto daquilo que está lá no centro e que um dia destes eu descobri existindo, porque eu nem supunha que existisse, acho que foi o fato de você partir que me fez descobrir tantas coisas..."
Caio Fernando Abreu
sábado, 22 de novembro de 2008
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Enquanto realizava a difícil tarefa de excluir alguns arquivos antigos, achei uma conversa perdida em meio a trabalhos escolares. Estranho, confesso. Lembro da época e dos planos, do modo como tudo mudou e vai mudar, da importância que as pessoas vão ganhando ou perdendo, das emoções esquecidas ou guardadas. Tanta gente, tanta gente que cruzou na minha vida esses meses e todas com algum sonho único, com algo que as fortaleça.
Tantos planos, tantas tentativas, agora não servem para nada, são apenas histórias, passado, memória velha. Ai ai, quem ouve não acredita em metade.
Camila Meneghetti
Tantos planos, tantas tentativas, agora não servem para nada, são apenas histórias, passado, memória velha. Ai ai, quem ouve não acredita em metade.
Camila Meneghetti
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
domingo, 9 de novembro de 2008
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
De todas as coisas que sobraram aquele dia no quarto, na sala, na rua, nos pensamentos, o mais dolorido foi o não pronunciado, o guardado, o íntimo. De lá nunca saíram, permanecem constantemente revistos, tudo muito escondido, tudo muito arquitetado, tudo em silêncio.
É o mais forte, a necessidade absoluta. Escondendo a dor, continuando dessa forma a história secreta, com seus personagens desconhecidos, com seus sentimentos quietos.
Camila Meneghetti
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
terça-feira, 4 de novembro de 2008
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