Por que eu sou do tamanho do que vejo. E não do tamanho da minha altura. (Fernando Pessoa)
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Pensei que passaria ontem esta sensação, que seria normal, que ficaria bem. Mas justamente ontem quando você deu um sinal de vida, toda essa minha força virou imaginária e eu desabei. Tinha pensado em todos os pontos positivos do término e ignorei os negativos, mas eles me perseguiram a noite toda e hoje de manhã me deparei com eles no café. Café com riso por favor, com um pouquinho de conversa inteligente, aah três gotinhas de sedução. Muito obrigada. No pão eu gostaria de companhia para o cinema ou noites aleatórias, pode sim, pode colocar mais um bocado de carinhos e atenção. Não consegui engolir um pedaço de tanta dor que eu sentia pela sua ausência. Não consigo sentir raiva, mas sinto sinto sinto essa angústia no peito, na garganta, na mente.
Ninguém mais se interessa pela nossa história, é notícia velha, é matéria de ontem, é a solidão se aproximando. Onde apenas eu me importo e as pessoas seguem, onde eu fico e você continua.
Camila Meneghetti
Tudo isso dói. Mas eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo, depois. Para me dar força, escrevi no espelho do meu quarto:' Tá certo que o sonho acabou, mas também não precisa virar pesadelo, não é? ' É o que estou tentando vivenciar. Certo, muitas ilusões dançaram - mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas, como velas. Também não quero dramatizar e fazer dos problemas reais monstros insolúveis,becos-sem-saída. Nada é muito terrível. Só viver,não é? A barra mesmo é ter que estar vivo e ter que desdobrar, batalhar um jeito qualquer de ficar numa boa. O meu tem sido olhar pra dentro, devagar, ter muito cuidado com cada palavra, com cada movimento, com cada coisa que me ligue ao de fora. Até que os dois ritmos naturalmente se encaixem outra vez e passem a fluir. Porque não estou fluindo.
Caio Fernando Abreu
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Você foi embora e levou tanta coisa minha que ainda estou escrevendo a lista do que ficou. Levou a minha enorme coragem de dormir sozinha e junto a minha confiança inabalável nas pessoas. Carregou pelas mãos os meus versos, frágeis, escrito às pressas no trabalho, na boca engoliu o chocolate que fiquei procurando para agradar um detalhe. Sugou nos braços os meu abraços apertados e carentes, no celular as mensagens poéticas.
E eu, fiquei com aquela solidão interna, onde a necessidade de ficar sozinho é maior do que querer amigos, ou um livro. Meu coração doía fisicamente, que me chegou a faltar ar e jurei que teria um infarto. Logo eu que sou tão nova.
Levou de mim a minha independência e agora não sei direito como ir até a rodoviária de ônibus, ou ir ao médico. Meu brinco, meu desenho, meus versos, meus amores, meus traumas, levou tudo e eu, fiquei. Fiquei pequena, desprotegida, confusa e triste, porque de todas as coisas que você me tirou que ao menos tirasse todo esse amor por completo, não me deixasse com ele, sem saber o que fazer, tentando encaixar em alguma gaveta, colocando na carteira, empurrando para o armário. O que eu faço com todo esse amor? Que ainda continua sendo apenas seu?
Decepcionada, porque eu me doei muito para você e agora estou tentando reconstruir tudo novamente, desde dormir sozinha até carregar a mala na rodoviária. Dói um bocado, as mãos, os braços, o coração, as lembranças. A única coisa que você me deixou foi o vinho e olha o que fiz com ele, tomei com meus amigos e fingi estar bem.
Bem mais do que ser enganada, ou carregar a mala, dói o fato de que agora tudo soa falso em você. Desde o seu sorriso aberto, até as suas palavras doces e seus gestos teatrais, acho realmente triste ficar com essa impressão sua, de que tudo era falso. E se era mentira, o que eu faço com esse amor? Digo para ele que teoricamente nascido de uma mentira ele não existe e se ele não existe eu não o sinto, mas machuca infinitamente mais do que se fosse real.
Camila Meneghetti
E eu, fiquei com aquela solidão interna, onde a necessidade de ficar sozinho é maior do que querer amigos, ou um livro. Meu coração doía fisicamente, que me chegou a faltar ar e jurei que teria um infarto. Logo eu que sou tão nova.
Levou de mim a minha independência e agora não sei direito como ir até a rodoviária de ônibus, ou ir ao médico. Meu brinco, meu desenho, meus versos, meus amores, meus traumas, levou tudo e eu, fiquei. Fiquei pequena, desprotegida, confusa e triste, porque de todas as coisas que você me tirou que ao menos tirasse todo esse amor por completo, não me deixasse com ele, sem saber o que fazer, tentando encaixar em alguma gaveta, colocando na carteira, empurrando para o armário. O que eu faço com todo esse amor? Que ainda continua sendo apenas seu?
Decepcionada, porque eu me doei muito para você e agora estou tentando reconstruir tudo novamente, desde dormir sozinha até carregar a mala na rodoviária. Dói um bocado, as mãos, os braços, o coração, as lembranças. A única coisa que você me deixou foi o vinho e olha o que fiz com ele, tomei com meus amigos e fingi estar bem.
Bem mais do que ser enganada, ou carregar a mala, dói o fato de que agora tudo soa falso em você. Desde o seu sorriso aberto, até as suas palavras doces e seus gestos teatrais, acho realmente triste ficar com essa impressão sua, de que tudo era falso. E se era mentira, o que eu faço com esse amor? Digo para ele que teoricamente nascido de uma mentira ele não existe e se ele não existe eu não o sinto, mas machuca infinitamente mais do que se fosse real.
Camila Meneghetti
quarta-feira, 29 de julho de 2009
terça-feira, 28 de julho de 2009
Vampiros tratam você muito bem, têm muita cultura, presença de espírito e conhecimento da vida. Você fica certo que conheceu uma pessoa especial. Custa a se dar conta de que eles são vampiros, parecem gente. Até que começam a sugar você. Sugam todinho o seu amor, sugam sua confiança, sugam sua tolerância, sugam sua fé, sugam seu tempo, sugam suas ilusões. Vampiros deixam você murchinha, chupam até a última gota. Um belo dia você descobre que nunca recebeu nada em troca, que amou pelos dois, que foi sempre um ombro amigo, que sempre esteve à disposição, e sofreu tão solitariamente que hoje se encontra aí, mais carniça do que carne.
Martha Medeiros
Martha Medeiros
Como nos ensinam nossas bibliotecas, os livros por vezes nos ajudam a formular as perguntas que queremos fazer, mas não necessariamente a decifrar as respostas. Por meio das vozes que recolhem e das histórias que imaginam, os livros apenas permitem que recordemos o que jamais sofremos e jamais conhecemos. O sofrimento em si mesmo pertence às vítimas. Todo leitor é, nesse sentido, um outsider, um estranho.
Alberto Manguel - A Biblioteca à noite
Alberto Manguel - A Biblioteca à noite
"... esse negócio com o Nelson tá me machucando muito. Eu fiquei uma porção de tempo tentando ser “legal e maduro”, “uma presença leve e agradável” — porque eu tô ainda muito inseguro de mim mesmo, e não acreditando absolutamente que alguém possa me curtir bem assim como eu sou. Eu não tenho quase experiência dessas transações, me enrolo todo, faço tudo errado — acabo me sentindo confuso. Tudo isso é tão íntimo, e eu já estou tão desacostumado de me contar inteiramente a alguém, tão desacreditando na capacidade de compreensão do outro, sei lá, não é nada disso, sabe? Conviver é difícil — as pessoas são difíceis — viver é dificil paca."
C.F.A
C.F.A
segunda-feira, 27 de julho de 2009
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Não sei se chegamos a nos abraçar, mas sei que falamos. Não havia nada para fazer lá em cima, a não ser falar. E nós tínhamos tão pouca experiência disso que falamos e falamos durante muito e muito tempo, e entre inúmeras coisas sem importância você disse que me amava, ou eu disse que te amava - ou talvez os dois tivéssemos dito, da mesma forma como falamos da chuva e de outras coisas pequenas, bobas, insiginificantes. Porque nada modificaria os nossos roteiros.
Do outro lado da tarde.
Caio Fernando Abreu
Do outro lado da tarde.
Caio Fernando Abreu
quarta-feira, 22 de julho de 2009
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Um dia, alunos me perguntaram se eu acreditava na existência de vida inteligente em outros planetas, não necessariamente no sistema solar. Respondi-lhes que estatisticamente é mais do que possível, pois existem mais galáxias no Universo do que grãos de areia na Terra. Disse-lhes: “Acredito sinceramente que existem inteligências superiores à nossa no Universo.” Um dos alunos me perguntou:
- E por que elas não entram em contato conosco?
E eu:
- Porque são inteligências superiores.
Fausto Wolff, A milésima segunda noite, Noite 527, (Bertrand Brasil, pg. 358)
- E por que elas não entram em contato conosco?
E eu:
- Porque são inteligências superiores.
Fausto Wolff, A milésima segunda noite, Noite 527, (Bertrand Brasil, pg. 358)
Um dia, um menino sentado ao pé do balcão de um comerciante, gritava com toda força. Uma vendedora, importunada pelos gritos, lhe disse:
- Por que estás gritando, meu amigo?
- Porque querem me obrigar a dizer A.
- E por que não queres dizer A?
- Porque assim que eu tiver dito A, vão me obrigar a dizer B…
Denis Diderot, Jacques, o fatalista, e se amo (Nova Alexandria, pg. 195)
- Por que estás gritando, meu amigo?
- Porque querem me obrigar a dizer A.
- E por que não queres dizer A?
- Porque assim que eu tiver dito A, vão me obrigar a dizer B…
Denis Diderot, Jacques, o fatalista, e se amo (Nova Alexandria, pg. 195)
quarta-feira, 15 de julho de 2009
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Sempre tive esse humor andarilho(mas não com o sucesso correspondente) e, como um cão inquieto que late para todo passarinho que vê e esquece a presa, persegui tudo, menos o que devia, e posso lamentar sinceramente e com justiça (pois quem está em toda parte não está em lugar nenhum)[...] ter lido tantos livros com tão pouco propósito, por falta de bom método; confusamente, andei a braços com inúmeros autores em nossas bibliotecas, com pouco proveito, por falta de arte, ordem, memória e juízo.
Roberto Burton, Anatomia da melancolia
Roberto Burton, Anatomia da melancolia
domingo, 5 de julho de 2009
-Você me desculpa por estar tão ausente na sua vida? É que as coisas vão acontecendo ao mesmo tempo e não tenho conseguido me reorganizar direito. Penso muito em você, em nós.Tenho sonhado tanto com tua presença, com o nosso ser sendo o mesmo.
-Eu sei, compreendo tudo. Só que me chateia essas tuas ausências. Esse teu não existir. Tem vezes que preciso tanto de você, dos teus conselhos, da tua voz, do teu toque e quando olho para o lado, não te vejo. Aliás nem se eu olhasse para trás lhe veria, porque você não andou só ausente neste momento, mas em vários, desde o princípio. Me permita ficar chateada, apesar de enteder teus motivos, não posso fugir ou regrar meus sentimentos. Simplesmente te quero e isso é um fato tão angustiante para mim. Tem dias que não consigo fazer nada, só ficar lhe esperando aparecer e adivinhe? Não aparece e me entristeço ainda mais, sabe por quê? Porque percebi o quão dependente do teu amor me tornei. Te amo, é inevitável isso.
-Me amar é tão ruim assim?
-Não. Preste atenção, te amar me deixa tão bem, que só revelo meus segredos a você e isso me alivia tanto. Mas se não lhe encontro, como conversar, como amar, fico sem você e cheia de mim.
-Me desculpe, novamente, por ser tão ausente.
-Entenda, não me importo mais, já me acostumei tanto com o não te ter, que toda vez que você diz que não vem me ver...Bom, acostumei, igual ao caso da Anita, lembra? Ela conheceu o Antônio por cartas, ele sempre prometia visitá-la e ela sempre ansiava por vê-lo. Mas ele nunca veio e sempre tinha uma ótima desculpa. Ela já tinha se acostumado com o não vir e achava normal não vê-lo, achava normal as desculpas...
-Sinto muito por tudo isso.
-...
-Por favor, me desculpe de verdade.
-...
O silêncio pode ser a resposta mais angustiante.
Camila Meneghetti
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