Ana relembrava o dia na praia, eram apenas um do outro, conversa particular, sem telefonemas, sem hora, sem pressa. Lembrou também do seu medo com a água do mar, tão tola, mas não podia evitar, porém, ele a pegou e a levou para o fundo. Segurou firme a sua pequena e sorriu.
Mas ela tinha e não era da água, era medo daquele amor todo que estava se formando e não podia controlar ou esconder. Esse amor estava aparecendo até quando Ana dormia, ele era teimoso, gostava de surpreender... Surpreendeu, que até hoje ela acha tão triste aquela lembrança da praia, aquele desejo todo de que o tempo parasse, a certeza de ser recíproco. Tão triste, eu fico pensando em Ana, vendo ser assim desconstruído aquele sentimento, eu vi ela se desfazendo do vento, da areia, da água, do amor, da tarde na praia.
Ainda disse 'Ana, presta atenção, essas coisas acontecem todo tempo', ela balançou a cabeça negativamente e disse 'Não existia tempo quando nos encontrávamos, éramos imunes a isso. Além do mais - ela falou triste - Se isso acontecesse o tempo todo, eu não suportaria. Não tenho estrutura para lidar com esses abalos alheios, uma hora ele me ama, na outra me troca, compreende? Todo tempo, seria loucura demais, iria doer demais.'