Saímos um pouco de nós, viajamos quando lemos.
Marcel Proust
Por que eu sou do tamanho do que vejo. E não do tamanho da minha altura. (Fernando Pessoa)
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Na minha leiga concepção, existem apenas dois tipos de homem no mundo: os que fazem você se sentir bem e os que fazem você se sentir um lixo. É simples assim. Quando você sai com um cara que te faz se sentir bem, você volta pra casa feliz, radiante. E com o humor nas alturas. Quando você sai com um cara que te faz se sentir um lixo, você chega em casa aos trapos. Com um desassossego que não te deixa. E com um vazio que ninguém explica. Entendam: a noite pode ter sido incrível. Mulheres inteligentes sabem que noites incríveis nem sempre rendem dias-seguintes igualmente incríveis. E é bem aí que eu quero chegar. Primeiro, não somos inteligentes de imediato quando se trata de paixão, química. E pele. Somos românticas e carentes. Segundo, não temos bolas de cristal, não sabemos se o cara se acha a última bolacha do pacote, se ele é um mentiroso nato, se ele vai abrir a porta do carro e depois se mostrar o abominável homem das neves dentro de uma calça Diesel. A verdade é que quando a gente sai a primeira vez com um cara, nunca sabemos ao certo como vai ser. Ou como o moço realmente é.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
domingo, 27 de dezembro de 2009
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
“Fico tão cansada às vezes, e digo para mim mesma que está errado, que não é assim, que não é este o tempo, que não é este o lugar, que não é esta a vida. (…) então eu não sentia nada, podia fazer as coisas mais audaciosas sem sentir nada, bastava estar atenta como estes gerânios, você acha que um gerânio sente alguma coisa? quero dizer, um gerânio está sempre tão ocupado em ser um gerânio e deve ter tanta certeza de ser um gerânio que não lhe sobra tempo para nenhuma outra dúvida…”
C.F.A
C.F.A
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
O rosto dele próximo do meu. A sua mão toca meu ombro, sobe meu pescoço, me alcança a face, brinca com a orelha, alcança os cabelos. O seu corpo cola-se ao meu. A sua boca vem baixando devagar, vencendo barreiras, colando-se á minha, de leve, de tão leve, que receio um movimento, um suspiro, um gesto, mesmo um pensamento. Estou em branco com a noite. Ele me abraça. Ele esta perto.
C.F.A
C.F.A
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Dizem que a separação nunca é um núcleo, uma urgência. Dizem que ela começa em seu avesso. E que é justamente no momento mais suave, o primeiro encontro, o primeiro olhar, que a separação começa a existir. Eu prefiro acreditar que a separação nunca termina, e que o último dia, a última noite, é um instante que se repete, a cada espera, a cada volta, cada vez que sinto a tua falta, cada vez que pronuncio teu nome. Eu acredito que, ao te chamar, uma estratégia, um encanto, eu seja capaz de fazer com que você se vire e olhe, e, sem perceber, estenda entre nós um atalho, uma ponte.
Carola Saavedra
Ficava sempre assim, recostada na janela, perto das seis horas da tarde. Me disse um dia, que naquele horário o sol tocava nas árvores de maneira fraca, mas iluminadora e o vento balançava cada folha de um jeito doce.
-Mágico.
Foi a palavra que usou para expressar aquele espaço de tempo que vivia diariamente, porém, sempre segurava um livro consigo. Morreu faz pouco tempo, mas conseguiu respirar mais do que todos imaginavam. Achavam-na triste demais, não sei se participo dessa opinião. Eu a achava distante demais, distante desse mundo, das opiniões alheias. Uma vez perguntei, nessa mesma conversa que tive sobre o sol, porque ela se afastara tanto da realidade.
-Perdi tudo de que mais precioso eu continha e com a sua ausência me sobrou o nada. Leio porque não sinto vontade de participar dessa realidade, apenas observo estas vidas passageiras nas páginas. A realidade não me interessa mais. Viajo na ficção pois sei que ali sobrevivo, apesar de sempre existir alguns riscos. Me envolvo demais com os personagens.
-Prefere te afastar das pessoas reais e viver um ilusão?
-Não seja tão cega, querida. O que realmente é uma ilusão? A vida cotidiana com todos esses sentimentos verdadeiros? - Senti uma ponta de ironia em sua voz.- As pessoas aqui se enganam demais, vivem na mentira muitas vezes. Sei que sou uma covarde, mas ao menos frequento inúmeros lugares, onde os personagens por mais perversos que sejam, na sua totalidade são sinceros consigo mesmo.
Camila Meneghetti
Os bibliotecários de Sarajevo são de uma estirpe muito especial. Pelo menos uma dentre eles, Ainda Buturovic, deu a vida salvando livros da biblioteca em chamas de Sarajevo. Outros, como Kemal Bakarsic, correram riscos imensos, noite após noite, para retirar coleções da biblioteca, sob condições perigosíssimas. Enver Imamovic, como comentei antes, salvou a Hagadá durante um período de intenso tiroteio.
Geraldine Brooks - As Memórias do Livro
Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.
Cecília Meireles
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
“Não, não ofereço perigo algum: sou quieta como folha de outono esquecida entre as páginas de um livro, sou definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto - se tomada com cuidado, verto água límpida sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto mas, se tocada por dedos bruscos num segundo me estilhaço em cacos, me esfarelo em poeira dourada."
C.F.A
"Continua fazendo frio, mas agora tem um pouco mais de sol e a primavera começa depois de amanhã. Semana passada nevou um pouco. Foi lindo. Estou realmente bem. Não sei por que suas cartas vêm sempre tão cheias de medos e suspeitas. Hoje está soprando um vento, não lembro o nome, que os ingleses dizem vir do País de Gales. Todo mundo escancara portas e janelas para que o vento leve embora os maus-espíritos do inverno. É um vento mágico, dizem."
C.F.A
"Sorríamos suaves, meio tolos, descendo juntos pelo elevador numa tarde que lembro de abril - esse é o mês dos dragões - dentro daquele clima de eternidade fluida que apenas os dragões, mas só às vezes, sabem transmitir. Por situações como essa, eu o amava. E o amo ainda, quem sabe mesmo agora, quem sabe mesmo sem saber direito o significado exato dessa palavra seca - amor. Se não o tempo todo, pelo menos quanto lembro de momentos assim. Infelizmente, raros. A aspereza e avesso parecem ser mais constantes na natureza dos dragões do que a leveza e o direito. Mas queria falar de antes do cheiro. Havia outros sinais, já disse. Vagos, todos eles".
C.F.A
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