segunda-feira, 19 de janeiro de 2009


"Já não consigo escutar em silêncio. Tenho de lhe falar pelos meios ao meu alcance. Anne transpassa-me a alma. Sinto-me entre a agonia e a esperança. Não me diga que é demasiado tarde, que sentimentos tão preciosos morreram para sempre.
Declaro-me novamente a si com um coração que é ainda mais seu do que quando o despedaçou há oito anos e meio.
Não diga que o homem esquece mais depressa que a mulher, que o amor dele morre mais cedo. Eu não amei ninguém, se não a ti. Posso ter sido injusto, posso ter sido fraco e rancoroso, mas nunca inconstante. Vim a Bath unicamente por sua causa. Os meus pensamentos e planos são todos para si.
Não reparou nisso? Não percebeu dos meus desejos? Se eu tivesse conseguido ler os seus sentimentos, como creio que deve ter decifrado os meus, não teria esperado estes dez dias. Mal consigo escrever. A todo o momento estou a ouvir uma coisa que me emociona. Anne baixa a voz, mas eu consigo ouvir os tons dessa voz, mesmo quando os outros não conseguem.
Criatura demasiada boa, demasiada pura! Faz-nos, de fato, justiça, ao acreditar que os homens são capazes de um verdadeiro afeto e uma verdadeira constância. Creia que esta é fervorosa e firme no F. W. Tenho de ir, inseguro quanto ao meu futuro; mas voltarei, ou seguirei o seu grupo, logo que possível. Uma paLavra, um olhar será o suficiente para decidir se irei à casa do seu pai esta noite, ou nunca."


Jane Austen

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