sexta-feira, 8 de agosto de 2008


E eu baixinho sempre dizia: "por favor continue, não pare nunca de lembrar de mim". Ainda lembro do jeito que o vento tocava as folhas, do sereno da noite, das estrelas no céu tão misterioso que de vez em quando dizia : "Ele pode voltar, algum dia, ele pode voltar". Então eu sorria olhando em volta e sabia que aquela solidão era minha apenas por enquanto, que daqui a pouco você voltaria, que daqui a pouco o céu teria certeza e eu nunca mais precisaria ficar naquele estado.
Mas você nunca voltou, não presente, apenas deixou um buraco, deixou o céu mentindo, deixou o sereno me encobrir, mas tudo bem por mim, eu já olho para o céu com um olhar de quem se conforma e ouve pacientemente uma história sem sentido. "Ele pode voltar, algum dia, ele pode voltar". Me soa agora tão falso, tão utópico. Agora nem fico mais na escuridão da noite, aproveitando a brisa, apenas me prendi aqui dentro, sempre acreditando que amor a gente encontra, basta abrir os olhos, então eu permiti, que venham outras histórias, doloridas, coloridas, mas que venham. E que Deus não permita, que essa força misteriosa não permita que acabemos no nada, que se for haver um reencontro que seja fervoroso, amoroso, com gosto de aconchego, que eu nunca parta dos seus braços. Porque eu não aguentaria, não saberia te olhar e pensar como você é idiota, ou arrogante, que ninguém permita essa destruição de imagem que tenho de ti. Que ninguém permita o fim, nem eu e nem você.

Camila Meneghetti

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