sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Se você olhar para o céu agora, irá ver o mesmo céu de quando nos conhecemos. Lembro que queríamos uma noite rodeada de brilho, estrelas, mas apareceram algumas e tampadas por aquela neblina. Brinquei que poderia chover e acabar com meu penteado e você disse que nunca deixaria isso acontecer, comentei do meu poder sobre a chuva e então ficamos a esperando. Não choveu.
Nossa amiga em comum comentou comigo no dia seguinte que não parecíamos ter nos conhecido naquela festa, nossa pose insinuava um casal de namorados. Nunca entendi porque nossa relação sempre pareceu ser bem mais do que foi, uma semana parecia um mês, eu tinha a sensação que te conhecia a séculos. Sempre fomos algo desconhecido, sem nome. Em uma das nossa últimas conversas você comentou que éramos um tipo de amor, mas qual? Nunca soubemos.
Eu sabia desde o início que de alguma forma seria eu a estragar tudo isso, a me arrepender, a escrever, a ter saudades absurdas, mas eu sou impulsiva demais e previsível. Você assistiu tudo, viu nosso relacionamento acabar, eu te deixar, viu também eu querer voltar, e leu, leu tudo que escrevi para ti. Á dias me controlo para não vir aqui e dizer qualquer coisa sobre nós, qualquer coisa, eu e essa mania de achar que pode mudar tudo.
Mas não sei, não sei o que me fez falar tudo isso, porque nunca soube formular direito meus sentimentos e agora sei, de uma maneira dolorosa. Eu sinto sua falta e não carrego mais nenhuma forma de esperança com respeito ao casal de novembro, com respeito ao casal da formatura.
No nosso último encontro eu te abraçei muito forte, muito mesmo e recordo que pensei no momento em que te sentia "o melhor abraço do mundo", e você comentou sobre o abraço e eu só sorri. Não sei se irá compreender, mas parecia que meu corpo presentia, mas minha mente não acompanhava, era um abraço de despedida, de quem tenta me mostrar o que é o certo e o lado bom da vida.
Sei que você está assustadoramente feliz com quem está e isso me machuca muito, mas estou conseguindo me afastar dessas lembranças, só que ás vezes, não tem como,eu me deixo levar e fico lembrando de como era bom. Como agora, agora que estou prestes a sair de casa, urgente. estou aqui escrevendo, sobre nós, nós. Essa palavra agora soa solitária pra mim. Eu e eu.


Camila Meneghetti

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