Saímos um pouco de nós, viajamos quando lemos.
Marcel Proust
Por que eu sou do tamanho do que vejo. E não do tamanho da minha altura. (Fernando Pessoa)
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Na minha leiga concepção, existem apenas dois tipos de homem no mundo: os que fazem você se sentir bem e os que fazem você se sentir um lixo. É simples assim. Quando você sai com um cara que te faz se sentir bem, você volta pra casa feliz, radiante. E com o humor nas alturas. Quando você sai com um cara que te faz se sentir um lixo, você chega em casa aos trapos. Com um desassossego que não te deixa. E com um vazio que ninguém explica. Entendam: a noite pode ter sido incrível. Mulheres inteligentes sabem que noites incríveis nem sempre rendem dias-seguintes igualmente incríveis. E é bem aí que eu quero chegar. Primeiro, não somos inteligentes de imediato quando se trata de paixão, química. E pele. Somos românticas e carentes. Segundo, não temos bolas de cristal, não sabemos se o cara se acha a última bolacha do pacote, se ele é um mentiroso nato, se ele vai abrir a porta do carro e depois se mostrar o abominável homem das neves dentro de uma calça Diesel. A verdade é que quando a gente sai a primeira vez com um cara, nunca sabemos ao certo como vai ser. Ou como o moço realmente é.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
domingo, 27 de dezembro de 2009
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
“Fico tão cansada às vezes, e digo para mim mesma que está errado, que não é assim, que não é este o tempo, que não é este o lugar, que não é esta a vida. (…) então eu não sentia nada, podia fazer as coisas mais audaciosas sem sentir nada, bastava estar atenta como estes gerânios, você acha que um gerânio sente alguma coisa? quero dizer, um gerânio está sempre tão ocupado em ser um gerânio e deve ter tanta certeza de ser um gerânio que não lhe sobra tempo para nenhuma outra dúvida…”
C.F.A
C.F.A
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
O rosto dele próximo do meu. A sua mão toca meu ombro, sobe meu pescoço, me alcança a face, brinca com a orelha, alcança os cabelos. O seu corpo cola-se ao meu. A sua boca vem baixando devagar, vencendo barreiras, colando-se á minha, de leve, de tão leve, que receio um movimento, um suspiro, um gesto, mesmo um pensamento. Estou em branco com a noite. Ele me abraça. Ele esta perto.
C.F.A
C.F.A
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Dizem que a separação nunca é um núcleo, uma urgência. Dizem que ela começa em seu avesso. E que é justamente no momento mais suave, o primeiro encontro, o primeiro olhar, que a separação começa a existir. Eu prefiro acreditar que a separação nunca termina, e que o último dia, a última noite, é um instante que se repete, a cada espera, a cada volta, cada vez que sinto a tua falta, cada vez que pronuncio teu nome. Eu acredito que, ao te chamar, uma estratégia, um encanto, eu seja capaz de fazer com que você se vire e olhe, e, sem perceber, estenda entre nós um atalho, uma ponte.
Carola Saavedra
Ficava sempre assim, recostada na janela, perto das seis horas da tarde. Me disse um dia, que naquele horário o sol tocava nas árvores de maneira fraca, mas iluminadora e o vento balançava cada folha de um jeito doce.
-Mágico.
Foi a palavra que usou para expressar aquele espaço de tempo que vivia diariamente, porém, sempre segurava um livro consigo. Morreu faz pouco tempo, mas conseguiu respirar mais do que todos imaginavam. Achavam-na triste demais, não sei se participo dessa opinião. Eu a achava distante demais, distante desse mundo, das opiniões alheias. Uma vez perguntei, nessa mesma conversa que tive sobre o sol, porque ela se afastara tanto da realidade.
-Perdi tudo de que mais precioso eu continha e com a sua ausência me sobrou o nada. Leio porque não sinto vontade de participar dessa realidade, apenas observo estas vidas passageiras nas páginas. A realidade não me interessa mais. Viajo na ficção pois sei que ali sobrevivo, apesar de sempre existir alguns riscos. Me envolvo demais com os personagens.
-Prefere te afastar das pessoas reais e viver um ilusão?
-Não seja tão cega, querida. O que realmente é uma ilusão? A vida cotidiana com todos esses sentimentos verdadeiros? - Senti uma ponta de ironia em sua voz.- As pessoas aqui se enganam demais, vivem na mentira muitas vezes. Sei que sou uma covarde, mas ao menos frequento inúmeros lugares, onde os personagens por mais perversos que sejam, na sua totalidade são sinceros consigo mesmo.
Camila Meneghetti
Os bibliotecários de Sarajevo são de uma estirpe muito especial. Pelo menos uma dentre eles, Ainda Buturovic, deu a vida salvando livros da biblioteca em chamas de Sarajevo. Outros, como Kemal Bakarsic, correram riscos imensos, noite após noite, para retirar coleções da biblioteca, sob condições perigosíssimas. Enver Imamovic, como comentei antes, salvou a Hagadá durante um período de intenso tiroteio.
Geraldine Brooks - As Memórias do Livro
Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.
Cecília Meireles
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
“Não, não ofereço perigo algum: sou quieta como folha de outono esquecida entre as páginas de um livro, sou definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto - se tomada com cuidado, verto água límpida sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto mas, se tocada por dedos bruscos num segundo me estilhaço em cacos, me esfarelo em poeira dourada."
C.F.A
"Continua fazendo frio, mas agora tem um pouco mais de sol e a primavera começa depois de amanhã. Semana passada nevou um pouco. Foi lindo. Estou realmente bem. Não sei por que suas cartas vêm sempre tão cheias de medos e suspeitas. Hoje está soprando um vento, não lembro o nome, que os ingleses dizem vir do País de Gales. Todo mundo escancara portas e janelas para que o vento leve embora os maus-espíritos do inverno. É um vento mágico, dizem."
C.F.A
"Sorríamos suaves, meio tolos, descendo juntos pelo elevador numa tarde que lembro de abril - esse é o mês dos dragões - dentro daquele clima de eternidade fluida que apenas os dragões, mas só às vezes, sabem transmitir. Por situações como essa, eu o amava. E o amo ainda, quem sabe mesmo agora, quem sabe mesmo sem saber direito o significado exato dessa palavra seca - amor. Se não o tempo todo, pelo menos quanto lembro de momentos assim. Infelizmente, raros. A aspereza e avesso parecem ser mais constantes na natureza dos dragões do que a leveza e o direito. Mas queria falar de antes do cheiro. Havia outros sinais, já disse. Vagos, todos eles".
C.F.A
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Os sentimentos autênticos são sumamente raros e em sua imensa maioria, os seres humanos se conformam com sentimentos convencionais, que se imaginam que se sentem realmente, mas que os adotam sem que por um único momento se lhes ocorra por em dúvida sua autenticidade.
Diário de André Gide, Trayectos, pg. 306.
Diário de André Gide, Trayectos, pg. 306.
''Desculpa, digo, mas se eu não tocar você agora vou perder toda a naturalidade, não conseguirei dizer mais nada, não tenho culpa, estou apenas me sentindo sem controle, não me entenda mal, não me entenda bem, é só esta vontade quase simples de estender o braço para tocar você, faz tempo demais que estamos aqui parados conversando nesta janela, já dissemos tudo que pode ser dito entre duas pessoas que estão tentando se conhecer, tenho a sensação impressão ilusão de que nos compreendemos, agora só preciso estender o braço e, com a ponta dos meus dedos, tocar você, natural que seja assim: o toque, depois da compreensão que conseguimos, e agora. ''
C.F.A
É manhã? Não sei: é silêncio apenas. Fecho os olhos. Somente a memória fala: porque é certo que as pessoas estão sempre crescendo e se modificando, mas estando próximas uma vai adequando seu crescimento e sua modificação ao crescimento e à modificação da outra; mas estando distantes, uma cresce e se modifica num sentido e outra noutro completamente diferente, distraídas que ficam da necessidade de continuarem as mesmas uma para a outra.
C.F.A
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
terça-feira, 17 de novembro de 2009
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
"...Por breve momento ficaram ambos silenciosos à luz que dançava.
No entanto, por assim dizer, eles sentiam nos lábios sorridentes
o sabor do suave choque daquele encontro. Seus eus secretos sussurravam:
- Para que falar? Isso não é o bastante?
- Mais que bastante. Só agora é que compreendo...
- Como é bom o simples fato de estar contigo...
- Assim...
- É mais que suficiente...."
[Katherine Mansfield - Psicologia]
No entanto, por assim dizer, eles sentiam nos lábios sorridentes
o sabor do suave choque daquele encontro. Seus eus secretos sussurravam:
- Para que falar? Isso não é o bastante?
- Mais que bastante. Só agora é que compreendo...
- Como é bom o simples fato de estar contigo...
- Assim...
- É mais que suficiente...."
[Katherine Mansfield - Psicologia]
"...Está chovendo hoje, outra vez, e na noite passada
o vento uivou e me entristeci e tremi. . . Durante o dia
sou um leão, meu querido, mas quando desaparece o
último ponto de luz da tarde eu me transformo num
cordeiro, e à meia-noite - mon Dieu - à meia-noite, o
mundo inteiro me parece um assassino impiedoso."
KATHERINE MANSFIELD
o vento uivou e me entristeci e tremi. . . Durante o dia
sou um leão, meu querido, mas quando desaparece o
último ponto de luz da tarde eu me transformo num
cordeiro, e à meia-noite - mon Dieu - à meia-noite, o
mundo inteiro me parece um assassino impiedoso."
KATHERINE MANSFIELD
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
"Estou à procura de um livro para ler. É um livro todo especial. Eu o imagino como a um rosto sem traços. Não lhe sei o nome nem o autor. Quem sabe, às vezes penso que estou à procura de um livro que eu mesma escreveria. Não sei. Mas faço tantas fantasias a respeito desse livro desconhecido e já tão profundamente amado. Uma das fantasias é assim. Eu o estaria lendo e de súbito, uma frase lida, com lágrimas nos olhos diria em êxtase de dor e de enfim libertação: Mas é que eu não sabia que se pode tudo, meu Deus!"
Clarice Lispector
Clarice Lispector
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Por mais longa que seja nossa existencia temos nossas lembranças - pontos no tempo que o prórpio tempo não consegue apagar. O sofrimento pode deturpar meus vislumbres do passado, mas mesmo diante do sofrimento algumas lembranças se recusam a perder seja o que for de sua beleza ou de seu esplendor. Pelo contrário,elas permanecem sólidas como pedras preciosas.
Anne Rice
Anne Rice
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
"Sempre querem mulheres festivas e subjugadas. Efusivas e caladas. Dadas e reservadas. O Brasil é macho, muito macho. É o pau-brasil, o bumba-meu-boi, o saci pererê, o berimbau, o futebol e o caralho a quatro. E as meninas brasileiras são criadas para seguirem em frente sem perceber o quanto são ridicularizadas. Tomar na bunda sorrindo. Metáfora forte demais? Não, nem é metáfora."
Fernanda Young
Fernanda Young
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vez em quando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar.
C.F.A
C.F.A
'Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta o meu pensamento e do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você. Digo eu também, mas não sei o que falamos em seguida porque ficamos meio encabulados, a gente tem muito pudor de parecer ridículos melosos piegas bregas românticos pueris banais. Mas no que eu penso, penso também que somos meio tudo isso, não tem jeito, é tudo que vamos dizendo, quando falamos no meu pensamento, é frágil [...]'
C.F.A
C.F.A
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Parece-me agora, tanto tempo depois, que as partidas-dolorosas, as amargas-separações, as perdas-irreparáveis costumam lavrar assim o rosto dos que ficam. E do buraco negro da memória que ocupa o espaço anteriormente ocupado por esta pessoa - sim, era uma pessoa que não lembro - , em vez de faces, jeitos, vozes, nomes, cheiros, formas, chegam-me somente emoções confusas ou palavras como estas - doloroso, amargo, irreparável.
C.F.A
C.F.A
terça-feira, 20 de outubro de 2009
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
-Mas Elisa, me conte sobre o que sentes.
-De que modo isso me ajudará?
-Quem sabe conhecendo a causa eu te forneça a solução?
-Quem sabe... Porém o que eu sinto é desconfortável, não quero que te machuques também.
-Me fale, nada me martiriza mais do que teus olhos mortos.
-Quem dera fosse só os olhos. Sinto que cada dia alguma parte se desfaz, ontem senti tão amargamente o sabor da dor, que jurei ter me queimado, aqui perto do peito. Foi destruidor. O mundo, naquele instante, me pareceu um sopro. Hoje pela manhã pensei ter acordado sem minhas mãos! Quase virei água de tanto que chorei. O que eu seria sem minhas mãos? Como escrever? Como anotar a vida? Eu iria apenas falar e minhas palavras iriam se perder no vento, minha memória anda tão fraca para que eu as guarde no pensamento. Mas como tu vês. - Elisa mostrou as mãos.- Elas estão aqui.
-Pode ser uma ilusão tuas dores.
Elisa sorriu mansamente.
-Foi sim uma ilusão, ninguém nunca te falou que as pessoas também morrem de ilusão?
-Não fale besteiras.
-Escute, existem tipos que conseguem viver se iludindo, mas não consigo. Por isso que a ilusão vai me matando, dia após dia, um pedaço cada vez. Sabe por que ela faz isso? Para ver se eu mudo de opinião e aceito ela como modo de vida. E todo dia renego, porque a verdadeira morte, escute... Olhe para mim. A verdadeira morte é compactuar com a mentira, ela nos permite não encarar o que dói, o que perfura. Me diga, como você consegue viver superficialmente? Sem formar uma batalha contra ela?
-...
-Eu prefiro morrer do que viver feito boneca de porcelana.
Camila Meneghetti
-De que modo isso me ajudará?
-Quem sabe conhecendo a causa eu te forneça a solução?
-Quem sabe... Porém o que eu sinto é desconfortável, não quero que te machuques também.
-Me fale, nada me martiriza mais do que teus olhos mortos.
-Quem dera fosse só os olhos. Sinto que cada dia alguma parte se desfaz, ontem senti tão amargamente o sabor da dor, que jurei ter me queimado, aqui perto do peito. Foi destruidor. O mundo, naquele instante, me pareceu um sopro. Hoje pela manhã pensei ter acordado sem minhas mãos! Quase virei água de tanto que chorei. O que eu seria sem minhas mãos? Como escrever? Como anotar a vida? Eu iria apenas falar e minhas palavras iriam se perder no vento, minha memória anda tão fraca para que eu as guarde no pensamento. Mas como tu vês. - Elisa mostrou as mãos.- Elas estão aqui.
-Pode ser uma ilusão tuas dores.
Elisa sorriu mansamente.
-Foi sim uma ilusão, ninguém nunca te falou que as pessoas também morrem de ilusão?
-Não fale besteiras.
-Escute, existem tipos que conseguem viver se iludindo, mas não consigo. Por isso que a ilusão vai me matando, dia após dia, um pedaço cada vez. Sabe por que ela faz isso? Para ver se eu mudo de opinião e aceito ela como modo de vida. E todo dia renego, porque a verdadeira morte, escute... Olhe para mim. A verdadeira morte é compactuar com a mentira, ela nos permite não encarar o que dói, o que perfura. Me diga, como você consegue viver superficialmente? Sem formar uma batalha contra ela?
-...
-Eu prefiro morrer do que viver feito boneca de porcelana.
Camila Meneghetti
Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade,
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade.
Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento,
Nem aquilo a que me entrego
Ja me dá contentamento.
Pode ser até manhã
Cedo, claro, feito o dia,
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria.
Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboeza,
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza.
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza,
Deixemos de coisa, cuidemos da vida,
Senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida.
Canteiros - Fagner
Fecho os olhos de saudade,
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade.
Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento,
Nem aquilo a que me entrego
Ja me dá contentamento.
Pode ser até manhã
Cedo, claro, feito o dia,
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria.
Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboeza,
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza.
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza,
Deixemos de coisa, cuidemos da vida,
Senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida.
Canteiros - Fagner
"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida".
(Clarice Lispector)
(Clarice Lispector)
Faz de conta que ela não ficava de braços caídos de perplexidade quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que era sábia bastante para desfazer os nós de corda de marinheiro que lhe atavam os pulsos. [...]
faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando por dentro.
Clarice Lispector
faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando por dentro.
Clarice Lispector
sábado, 17 de outubro de 2009
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
E se é verdade que não sei me expressar bem, o motivo é unicamente você. Quando me para, me olha, me toca e fala qualquer coisa, eu emudeço, porque tua presença acalma esse amor revolto que guardo. E as palavras lutam dentro da minha boca, fala não fala, mas o medo me impede tanto, a palavra dita e o receio da resposta. Deus, como me assusta o que tu podes me falar, capaz de emudecer meu mundo.
Com o efeito de derrubar a criança do balanço.
Camila Meneghetti
Com o efeito de derrubar a criança do balanço.
Camila Meneghetti
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Criar laços?
- Exatamente - disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... ”
(O pequeno príncipe - Antoine de Saint - Exupéry)
- Exatamente - disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... ”
(O pequeno príncipe - Antoine de Saint - Exupéry)
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
- Sabe eu pensei tanto. Eu acho que;
Ela se voltou de repente . E disse:
- Eu também. Eu acho que.
Ficaram se olhando. Completamente dourados, olhos úmidos. Seria a brisa? Verão pleno solto lá fora.
Bem perto dela, ele perguntou:
- O quê?
Ela disse:
- Sim.
Puxou-o pela cintura, ainda mais perto;
Ele disse:
- Você parece mel.
Ela disse:
- E você, um girassol.
Estenderam as mãos um para o outro. No gesto exato de quem vai colher um fruto completamente maduro.
C.F.A
Ela se voltou de repente . E disse:
- Eu também. Eu acho que.
Ficaram se olhando. Completamente dourados, olhos úmidos. Seria a brisa? Verão pleno solto lá fora.
Bem perto dela, ele perguntou:
- O quê?
Ela disse:
- Sim.
Puxou-o pela cintura, ainda mais perto;
Ele disse:
- Você parece mel.
Ela disse:
- E você, um girassol.
Estenderam as mãos um para o outro. No gesto exato de quem vai colher um fruto completamente maduro.
C.F.A
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Realmente, não creio na alma humana, nem nunca cri. Tenho a convicção de que as pessoas são como as malas: cheias de coisas diversas, são expedidas, atiradas, empurradas, lançadas ao chão, perdidas e reencontradas, até que, por fim um Último Transportador as atira para o Último Comboio.
Katherine Mansfield
Katherine Mansfield
A gente se apaixona pelo jeito da pessoa. Não é porque ele cita Camões, não é porque ela tem olhos azuis: é o jeito dele de dizer versos em voz alta como se ele mesmo os tivesse escrito pra nós; é o jeito dela de piscar demorado seus lindos olhos azuis, como se estivesse em câmera lenta.
O jeito de caminhar. O jeito de usar a camisa pra fora das calças. O jeito de passar a mão no cabelo. O jeito de suspirar no final das frases. O jeito de beijar. O jeito de sorrir. Vá tentar explicar isso.
Martha Medeiros
O jeito de caminhar. O jeito de usar a camisa pra fora das calças. O jeito de passar a mão no cabelo. O jeito de suspirar no final das frases. O jeito de beijar. O jeito de sorrir. Vá tentar explicar isso.
Martha Medeiros
Às vezes me lembro dele. Sem rancor, sem saudade, sem tristeza. Sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou. Nunca mais o vi, depois que foi embora. Nunca nos escrevemos. Não havia mesmo o que dizer. Ou havia? Ah, como não sei responder as minhas próprias perguntas! É possível que, no fundo, sempre restem algumas coisas para serem ditas. É possível também que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a gente continua a buscar, a investigar — e principalmente a fingir. Fingir que encontra. Acho que, se tornasse a vê-lo, custaria a reconhecê-lo.
C.F.A
C.F.A
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Pequeno grande amor
que gerou toda sorte de reflexão
se fosse apenas um pequeno amor
passaria longe do meu epicentro
se fosse um grandíssimo amor
estaria tudo ao meu redor devastado
mas foi um pequeno grande amor
daqueles que têm tamanhos para todos os lados
e só podem ser medidos por dentro.
Martha Medeiros
que gerou toda sorte de reflexão
se fosse apenas um pequeno amor
passaria longe do meu epicentro
se fosse um grandíssimo amor
estaria tudo ao meu redor devastado
mas foi um pequeno grande amor
daqueles que têm tamanhos para todos os lados
e só podem ser medidos por dentro.
Martha Medeiros
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
terça-feira, 22 de setembro de 2009
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Sinto falta de ter sido qualquer coisa certa, boa, que não fui. Ninguém me avisou do desvio no caminho e muito menos das descobertas feitas sobre o inevitável de cada um que surge. Nem lembro quando foi que permiti essas invasões sendo que ninguém nunca devolveu nada, nem a companhia e as palavras. Surgiu, qualquer chama, que vem e vai, me leva e traz, como se soubesse que não sei mais remar a favor ou contra.Barco parado, ao sabor dos acasos.
Camila Meneghetti
Camila Meneghetti
terça-feira, 15 de setembro de 2009
"Boas e bobas, são as coisas todas que penso quando penso em você. Assim: de repente ao dobrar uma esquina dou de cara com você que me prega um susto de mentirinha como aqueles que as crianças pregam umas nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de fruta em qualquer lugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta o meu pensamento e o do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você."
C.F.A
C.F.A
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Ana encontrou Beatriz inerte na janela azul, quase não se diferenciava, Bia tinha emagrecido muito, seu rosto ficara com o aspecto azulado da paisagem, da janela, da vida que vinha levando.
-Me contaram algumas coisas sobre você, Bia. - Ela silenciou esperando a resposta alheia, mas o silêncio prevalecera como de costume entre as duas naqueles tempos amargos. - Tenho andado preocupada contigo.
-Tu sabes que não tem necessidade para essas preocupações tolas.- Respondeu friamente.
Ana respirou fundo e deixou o olhar caminhar pelo quarto, tudo continuava arrumado, como se ninguém tocasse nos objetos a dias.
-Já faz algum tempo que aconteceu e tenho te visto triste, tu não eras assim.
-Já ouvisse falar que como os costumes, as pessoas também mudam?
-Não precisa ser áspera comigo, não depois do que eu fiz por ti.
-Queres um sorriso como forma de recompensa?- Bia falou a encarando séria, caminhou ao encontro de Ana na aparência de um fantasma quando perambula pela vida. - Será que não compreende que para mim a vida se tornou um peso? Não sou igual a ti, aos outros, não sei superar as coisas.
-Você nem quis tentar, prefere se tornar uma pessoa...
-Inconviniente? Eu sei, não te cales, acha que não percebo os esforços para me tirar deste quarto? Desta melancolia? Só que não quero. Perdi o que de mais importante eu tinha, me sinto agredida. E era necessário para gostar disso, que chamam de vida e agora encaro apenas como uma palavra.
-Quem morreu não foi tu,mas aparentemente vejo uma morta na minha frente.
-Então vá embora, teu ar cheira a qualquer coisa colorida e aqui não necessito mais dela.
-Teu ar é de demência, Bia. É covardia, desde pequena fostes covarde e neste exato momento fica agindo como uma criança, procurando atenção.
Ana enxugou as lágrimas e a olhou longamente.
-Tentei tanto recuperar qualquer coisa em ti, mas é impossível.
Beatriz sorriu e disse.
-Parabéns, toma tua recompensa e vai viver entre os vivos.
Camila Meneghetti
-Me contaram algumas coisas sobre você, Bia. - Ela silenciou esperando a resposta alheia, mas o silêncio prevalecera como de costume entre as duas naqueles tempos amargos. - Tenho andado preocupada contigo.
-Tu sabes que não tem necessidade para essas preocupações tolas.- Respondeu friamente.
Ana respirou fundo e deixou o olhar caminhar pelo quarto, tudo continuava arrumado, como se ninguém tocasse nos objetos a dias.
-Já faz algum tempo que aconteceu e tenho te visto triste, tu não eras assim.
-Já ouvisse falar que como os costumes, as pessoas também mudam?
-Não precisa ser áspera comigo, não depois do que eu fiz por ti.
-Queres um sorriso como forma de recompensa?- Bia falou a encarando séria, caminhou ao encontro de Ana na aparência de um fantasma quando perambula pela vida. - Será que não compreende que para mim a vida se tornou um peso? Não sou igual a ti, aos outros, não sei superar as coisas.
-Você nem quis tentar, prefere se tornar uma pessoa...
-Inconviniente? Eu sei, não te cales, acha que não percebo os esforços para me tirar deste quarto? Desta melancolia? Só que não quero. Perdi o que de mais importante eu tinha, me sinto agredida. E era necessário para gostar disso, que chamam de vida e agora encaro apenas como uma palavra.
-Quem morreu não foi tu,mas aparentemente vejo uma morta na minha frente.
-Então vá embora, teu ar cheira a qualquer coisa colorida e aqui não necessito mais dela.
-Teu ar é de demência, Bia. É covardia, desde pequena fostes covarde e neste exato momento fica agindo como uma criança, procurando atenção.
Ana enxugou as lágrimas e a olhou longamente.
-Tentei tanto recuperar qualquer coisa em ti, mas é impossível.
Beatriz sorriu e disse.
-Parabéns, toma tua recompensa e vai viver entre os vivos.
Camila Meneghetti
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
terça-feira, 8 de setembro de 2009
domingo, 6 de setembro de 2009
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Mesmo assim eu não esquecia dele. Em parte porque seria impossível esquecê-lo, em parte também, principalmente, porque não desejava isso. É verdade, eu o amava. Não com esse amor de carne, de querer tocá-lo e possuí-lo e saber coisas de dentro dele. Era um amor diferente, quase assim feito uma segurança de sabê-lo sempre ali.
C.F.A
C.F.A
Parece-me agora, tanto tempo depois, que as partidas-dolorosas, as amargas-separações, as perdas-irreparáveis costumam lavrar assim o rosto dos que ficam. E do buraco negro da memória que ocupa o espaço anteriormente ocupado por esta pessoa - sim, era uma pessoa que não lembro - , em vez de faces, jeitos, vozes, nomes, cheiros, formas, chegam-me somente emoções confusas ou palavras como estas - doloroso, amargo, irreparável.
C.F.A
C.F.A
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode praver, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça...ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário...por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.
Caio Fernando Abreu
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça...ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário...por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.
Caio Fernando Abreu
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
"(...) quando um desses rapazes e uma dessas moças ou qualquer outro tipo de pessoa, e são tantos quantas pessoas existem no mundo, encontram-se de repente e por alguma razão, sexual ou não, pouco importa se por alguns minutos ou para sempre, tanto faz, por alguma razão essas pessoas não querem se separar."
C.F.A
C.F.A
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Fiz fantasias. No meu demente exercício para pisar no real, finjo que não fantasio. E fantasio, fantasio. Até o último momento esperei que você me chamasse pelo telefone. Que você fosse ao aeroporto. Casablanca, última cena. Todas as cartas de amor são ridículas. Esse lugar confuso de que fala Caetano. E eu estava só começando a entrar num estado de amor por você. Mas não me permiti, não te permiti, não nos permiti. Pedro Paulo me dizendo no ouvido “nunca vi essas luz nos seus olhos”.
C.F.A
"Deixara o telefone do bar, o endereço, a hora que estaria ali. Um detalhado roteiro, feito dissesse dissimulado estou esperando, você pode me encontrar. Ah como doía manter-se assim disponível, completamente em branco para a procura. Não consegue fixar-se em nada. As faces inexpressivas, as paredes brancas onde não há sequer quadros, a toalha vermelha da mesa - tudo em ordem atrás da aparente desordem. Uma ordem interna, imutável, solidificada. Quase odeia os risos que brotam súbitos dos cantos. Por que lhe é negada essa possibilidade de entrega ao que está sendo? Por que a espera, se a espera não o cabe mais?"
C.F.A
C.F.A
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
terça-feira, 18 de agosto de 2009
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
'Pedi a ele uma DEFINIÇÃO. Ou me quer e vem, ou não me quer e não vem. Mas que me diga logo pra que eu possa desocupar o coração. Avisei que não dou mais nenhum sinal de vida. E não darei. Não é mais possível. Não vou me alimentar de ilusões. Prefiro reconhecer com o máximo de tranqüilidade possível que estou só do que ficar a mercê de visitas adiadas, encontros transferidos. No plano REAL: que história é essa? No que depende de mim, estou disposto & aberto. Perguntei a ele como se sentia. Que me dissesse. Que eu tomaria o silêncio como um não e ficaria também em silêncio. Acho que fiz bem.'
C.F.A
Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada.
C.F.A
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
terça-feira, 11 de agosto de 2009
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Ana relembrava o dia na praia, eram apenas um do outro, conversa particular, sem telefonemas, sem hora, sem pressa. Lembrou também do seu medo com a água do mar, tão tola, mas não podia evitar, porém, ele a pegou e a levou para o fundo. Segurou firme a sua pequena e sorriu.
-Não precisa ter medo.
Mas ela tinha e não era da água, era medo daquele amor todo que estava se formando e não podia controlar ou esconder. Esse amor estava aparecendo até quando Ana dormia, ele era teimoso, gostava de surpreender... Surpreendeu, que até hoje ela acha tão triste aquela lembrança da praia, aquele desejo todo de que o tempo parasse, a certeza de ser recíproco. Tão triste, eu fico pensando em Ana, vendo ser assim desconstruído aquele sentimento, eu vi ela se desfazendo do vento, da areia, da água, do amor, da tarde na praia.
Ainda disse 'Ana, presta atenção, essas coisas acontecem todo tempo', ela balançou a cabeça negativamente e disse 'Não existia tempo quando nos encontrávamos, éramos imunes a isso. Além do mais - ela falou triste - Se isso acontecesse o tempo todo, eu não suportaria. Não tenho estrutura para lidar com esses abalos alheios, uma hora ele me ama, na outra me troca, compreende? Todo tempo, seria loucura demais, iria doer demais.'
Camila Meneghetti
Clarice Lispector
domingo, 9 de agosto de 2009
"Para tranquilizá-lo, sentei ao seu lado. Tremíamos. Pensei em colocar a cabeça dele no meu colo, tomar suas mãos, cantar, fazer carinhos. Mas só consegui ficar muito próxima. De alguma forma, eu queria deizer que tudo aquilo importava pouco. Se soubéssesmos controlar a nós mesmos, ao nosso terror, e poupar o gasto exagerado de tudo que tínhamos armazenado, nada conteceria."
Caio Fernando Abreu
sábado, 8 de agosto de 2009
“O que tem me perturbado intimamente é que as coisas do mundo chegaram para mim a um certo ponto em que eu tenho que saber como encará-las, quero dizer, a situação da guerra, a situação das pessoas, essas tragédias. Sempre encarei com revolta. Mas ao mesmo tempo sinto necessidade de fazer alguma coisa, sinto que não tenho meios. Você diria que eu tenho, através do meu trabalho. Eu tenho pensado muito nisso e não vejo caminho, quer dizer, um caminho verdadeiro.”
Clarice Lispector
Clarice Lispector
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Ela sabe que vai se machucar, ferir, doer, chorar, mas não consegue se manter distante, não consegue parar de querer aquela companhia, aqueles beijos. Sente que o tempo vai se esgotando, ela sente o peito pequeno. Dói tanto, mas continua, cegamente, como se estivesse indo de guarda-chuva numa ventania, com os olhos fechados, cabelo ao vento, coração cortado.
Camila Meneghetti
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
"Fico só querendo te dizer de como eu te esperava quando a gente marcava qualquer coisa, de como eu olhava o relógio e andava de lá pra cá sem pensar definidamente e nada, mas não, não é isso, eu ainda queria chegar mais perto daquilo que está lá no centro e que um dia destes eu descobri existindo, porque eu nem supunha que existisse, acho que foi o fato de você partir que me fez descobrir tantas coisas (...)"
C.F.A
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.
C.F.A
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